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segunda-feira, maio 31, 2004

O litanias não está esquizofrénico 

Não se admirem se, nos próximos dias, virem mudanças repentinas e sucessivas no aspecto do litanias. Estou em plena re-estruturação gráfica. Se, no fim de milhentas alterações e configurações, isto ficar uma merda (como promete vir a acontecer), não se preocupem, volto simplesmente ao aspecto actual e calo-me bem caladinho com isto.

Destruição 

O incêndio que destruiu grande parte da Colecção Saatchi foi responsável pelo desaparecimento de obras de valor incalculável. Uma delas, o fantástico "Hell" dos irmãos Chapman e quatro obras de Paula Rêgo. Os Chapman já se manifestaram dispostos a refazer "Hell", declarando tratar-se "apenas de arte": "Vamos voltar a fazê-lo.". Já Paula Rêgo diz que não tentará refazer os trabalhos perdidos, visto tratarem-se de momentos únicos de criação, irrepetíveis.

Admito que não sei qual das duas posições é mais correcta. Se é que existe uma mais correcta que a outra. De qualquer forma, podemos aqui ver "Hell".

Momento nostálgico XIII 



A pedido de várias famílias...

domingo, maio 30, 2004

Se 

If you were the road
I'd go all the way
If you were the night
I'd sleep in the day
If you were the day
I'd cry in the night
'Cause you are the way
The truth and the light
If you were a tree
I could put my arms around you
And you could not complain
If you were a tree
I could carve my name into your side
And you would not cry,
'Cos trees don't cry

If you were a man
I would still love you
If you were a drink
I'd drink my fill of you
If you were attacked
I would kill for you
If your name was Jack
I'd change mine to Jill for you
If you were a horse
I'd clean the crap out of your stable
And never once complain
If you were a horse
I could ride you through the fields at dawn
Through the day until the day was gone
I could sing about you in my songs
As we rode away into the setting sun

If you were my little girl
I would find it hard to let you go
If you were my sister
I would find it doubly so
If you were a dog
I'd feed you scraps from off the table
Though my wife complains
If you were my dog
I am sure you'd like it better
Then you'd be my loyal four legged friend
You'd never have to think again
And we could be together till the end

The Divine Comedy - If...


Vireno, aquel mimanso regalado 

Vireno, aquel' cordeiro tão mimado
e de coleira azul, aquel' formoso
que com balido rouco e amoroso
levava pelos montes a meu gado,

aquel', de seu tosão tão encrespado,
e alegres olhos e mirar gracioso,
por quem eu de ninguém fui invejoso,
sendo de mil pastores invejado,

já mo roubaram, ó Vireno irmão:
para outro já retouça, outro provoca,
dorme de dia as noites que acarinha;

já come o branco sal por outra mão,
já come alheia mão com sua boca
de cuja língua se abrasou a minha.

Lope de Vega - Tradução de Jorge de Sena


sábado, maio 29, 2004

Momento nostálgico XII 



Eu sei, eu sei, este até é fácil de rever... Mas dá-me sempre a nostalgia quando me lembro destes malucos...

Sou vingativo, pois sou! E depois?! 

Ao rapazola com penteado ridículo, polo às riscas e ar de quem precisa desesperadamente de um par de estalos:

Mete o Porsche no rabo! Espero que tenhas passado com velocidade suficiente para seres apanhado pelo radar que estava dois quilómetros à frente! AHAHAH!!!

Já agora:

Aquela rodilha amarelo-palha ao teu lado, era o cabelo da menina com ar permanentemente enjoado, brincos megalómanos e polo igual ao teu? Jesuuus!!!

Existência 

3650. Eram 3650 degraus. Cada um de cor diferente, como um gigantesco Pantone em evolução permanente, iniciado no Avocato Green, com fim marcado para o Twilight Blue. Mescla, caleidoscópio colorido, com todos os matizes bem demarcados, mas, simultaneamente, intimamente imbricados, como se todos fossem, em última análise, parte integrante da mesma entidade. E subi-os, todos. Como se fossem apenas mais uma etapa para um objectivo bem definido, ainda que nem eu próprio tivesse consciência de qual seria. E um som profundo, que vinha do solo abaixo de mim, 30 mil metros abaixo da escadaria suspensa.

À volta, as cores brilhavam, como se o próprio cenário fosse um círculo hipnótico infindável, aurora boreal de tons insondáveis. Contornos difusos, cuja própria existência pus em causa. E, no topo, imponente, o portal. Granito românico, de matizes vermelhos. Alguém tornara os feldspatos em pontos de cor em mutação constante, movimentos perpétuos de cor e luz. O som, perdido nas brumas coloridas, aumentava de intensidade. Distingo agora vozes, tambores, som graves que me obrigam a mexer, como se tomado por uma energia que me atravessa e me faz pertencer a um nível diferente. Algo de iniciático, ritual, secreto. As vozes elevam-se e distingo melhor as palavras, como um mantra pós-moderno, modernos primitivos à solta: “Oh landou, nieva, mesthai, mesthai, muora, esse-esse, namesse, naguesse, namesse, dassucodavilei, amda-eri-samdeh...”

Ao passar a porta, um som envolve-me, como se uma vibração constante me acompanhasse daí em diante, atestado do meu feito, da minha subida infindável. Do outro lado, linhas serpenteantes, riscos vermelho-vivo que correm ao longo de toda a nave central, ondulantes, encaminhando-me para o altar de pórfiro. Ao chegar junto a ele, o cântico elevava-se, numa espiral que parecia não ter fim previsível, como se todas as escalas tivessem há muito sido desfeitas por um qualquer compositor anarquista, decidido a romper de vez com limitações físicas.

Ao tocar a pedra fria do altar, as linhas começam a serpentear, não da forma linear como até então, mas com um objectivo evidentemente definido; algo de tridimensional, volumétrico, quase arrisco a pensar que seja algo com textura. Ao mesmo tempo, a sua cor entra em lenta mutação, pulsante, até estabilizar num azul eléctrico, electrizante. Começo lentamente a discernir uma figura, formada pelas linhas, como néons moldados a um corpo. Percebo finalmente quem és.

Ao tocar-te, deixo imediatamente de ouvir o mantra infinitamente escutado até então. Apenas um som aproximado de vento forte nos rodeia, como buraco negro subitamente destapado, que, simultaneamente, começa a sugar toda a cor à nossa volta. Mais e mais rápido, o círculo de cores é aspirado, engolido pelo vórtice aberto no altar. Vejo-me, instantaneamente, numa sala branca, onde apenas o vermelho do altar e o azul dos néons que és tu brilham, tornam-se quase chocantes neste agora alvo ambiente. Olho para as minhas mãos, dou-me conta, repentinamente, que me tornei translúcido, bolha em forma de corpo. Cores irisadas, qual bola de sabão, desloco-me na direcção que me indicas, reflectindo as tuas cores brilhantes na minha translucidez plástica.

É ao me dares a mão que sinto o calor que emana do teu corpo e a vibração que atravessa este meu corpo agora etéreo. Aproximamo-nos do altar e viro-me na tua direcção. Lentamente, abraças-me. E o branco da sala vibra, como se animado de uma outra qualquer energia, nova, profunda, poderosa. Uma estranha sensação de paz inunda-me, enquanto me apercebo aos poucos que a cor que até há instantes reflectia este meu novo corpo está, agora, dentro dele. Abro os olhos e não te vejo. Ao olhar para baixo, compreendo que eu próprio já não existo. Nem tu. Até que uma voz dentro de mim me diz “Descansa. Agora, nós existimos.”.

E, ao acordar novamente na minha cama, sei que nunca mais serei o mesmo. Porque agora sei de onde vem o calor que emana de mim.

Enaenaena! 

Sou o Beatle cool!


George


Which Beatle are you??
brought to you by Quizilla

sexta-feira, maio 28, 2004

Vestigia Dei 

És tu quem perseguimos pelos lábios
e tens em equilíbrio os seres e o tempo
És tu quem está nos começos do mar
e as nossas palavras vão molhar-te os pés
Tu tens na tua mão as rédeas dos caminhos
descem do teu olhar as mais nobres cidades
onde nasceram os primeiros homens
e onde os últimos desejarão talvez morrer

Tu és maior que esta alegria de haver rios
e árvores ou ruas donde serem vistos
Por ti é que aceitamos a manhã
sacrificada aos vidros das janelas
aceitamos por ti o sol ou a neblina
que faz dos candeeiros sentinelas
É para ti que os pensamentos se orientam
e se dirigem os passos transviados
e o vento que nos veste nas esquinas

És sempre como aquele que encontramos
diariamente pela rua fora
e a pouco e pouco vemos onde mora
Só tu é que nos faltas quando reparamos
que os papéis nos vão envelhecendo
e os dias um por um morrendo em nossas mãos
És tu que vens com todos os versos
És tu quem pressentimos na chuva adivinhada
quando os olhos ainda se nos fecham
embora o sono nunca mais seja possível
É tua a face oposta a todas as manhãs
onde o tempo levanta ombros de espuma
que deixam fundas rugas pelas faces

Os céus contam contigo é para teu repouso
a terra combalida e sem caminhos
Ser indecomponível teu corpo foi maior
que vítimas e oblações. Quando tu vens
a solidão cai leve como a flor do lírio
e as aves nos pauis levantam voo
e há orvalho em teus primeiros pés

Não assistisses tu a esta nossa vida
caíssem-nos os gestos ou quebrados ou dispersos
e nenhum rosto decisivo um dia fecharia
todas as palavras com que dissemos os versos

Ruy Belo

Recomendo a comparação com o post Anarquista Duval, de dia 6 de Abril. Não me perguntem porquê...

Porquê 5ª 

Estranho como às vezes temos pressentimentos. Não te reconheci imediatamente. E, no entanto, soube imediatamente que eras tu. Como se não pudesses ser outra pessoa. Todos os receios, dúvidas, desapareceram, sem dar por isso. De forma instantânea, automática. Talvez não fossem, realmente, importantes. A eterna questão "de que falar?", nem dei por ela. Desvaneceu-se, como se fosse evidente que de tudo seria possível falar. Espontaneidade, abertura total? Ao contrário do esperado, evidente, outro modo de agir seria impossível, perante o pressentimento de termos diante de nós alguém bom, verdadeiramente bom.

As conversas não deviam ter horários. Porque sei que podia falar contigo por muito, muito tempo.

Feliz... apenas feliz! 

Tive hoje uma verdadeira experiência "5ª Dimensão". Algo que nunca imaginei que fizesse, pois não sou muito dado a "tiros no escuro". E, no entanto, fi-lo e não me arrependo nada! hoje, fiquei mais feliz com o mundo, por me colocar algumas situações e algumas pessoas ao caminho! Hoje, percebi mais uma vez que a vida pode ser muito mais simples, quando a deixamos simplesmente seguir o seu rumno e não lhe colocamos, com a nossa própria inércia, entraves injustificados.

Há muito tempo que não tinha oportunidade de praticar um dos meus desportos favoritos:
boa conversa despreocupada ao almoço, em cenário agradável. O melhor de tudo? Não foi um desporto individual, tipo jogo de ténis, mas colectivo, como o vólei de praia - 2 pessoas viradas para o mesmo lado do campo.

Só me falta agora perceber de onde apareceu o monge budista que me acompanhou ao longo dos Tesouros da China...

quinta-feira, maio 27, 2004

Uma noite de emoções 

Para além da euforia colectiva que contagiou o país, a minha noite de ontem teve um sabor especial:

Finalmente, consegui ir vê-lo!



E tenho de dar razão a quem diz que o "Vol. 1" faz muito mais sentido com este "Vol. 2".

Onde um era uma amálgama, um pastiche pós-moderno de contornos vincadamente gore, o outro é a mais inesperada e, no entanto, tocante, história de amor. Onde um era um delírio visual, o outro é um regalo para o coração.

Onde um me fez rir de forma mordaz, o outro conseguiu a proeza de me manter silencioso, concentrado, preso ao ecrã até ao último frame.

Mesmo sendo eu o único espectador presente.

Genial, a sequência da morte de Bill. Inesperada, a "Técnica dos Cinco Pontos de Pressão para a Explosão do Coração". E, no entanto, com todos os sentimentos que este "Vol. 2" nos injecta, consegue, ainda assim, não abandonar o estilo "Kung Fu Masters meets Sergio Leone"! Brilhante!

Os parabéns sentidos de um benfiquista 



Nem queiram saber a festa que se fez na auto-estrada, a ouvir o jogo na Antena 1! Grande festival de buzinadelas e sinais de luzes que era naquela A1!

quarta-feira, maio 26, 2004

Para as Trutas 

Afinal, não há só um Bono metido em politiquices...

2005: Ano do Tibete em França? 

Em 1950, a China invadiu o Tibete, obrigando ao exílio posterior do Dalai Lama e do governo tibetano. Desde então, o governo chinês tem preconizado uma política de colonatos, levando a que os 6 milhões de tibetanos actualmente existentes no território sejam minoritários no seu próprio país.
Em 2004, a França promoveu o "Ano da China", com vários eventos, culturais e não só, alusivos a esse país. O presidente do grupo de estudos sobre o Tibete, Lionnel Luca pretende que 2005 seja, como contraponto, o "Ano do Tibete", de modo a dar um novo fôlego à causa tibetana a nível internacional.

O chefe do governo tibetano no exílio, Samdhong Rinpoche, veio já a público saudar a iniciativa e pedir o auxílio francês na divulgação da causa tibetana, de modo a que seja dada nova voz às suas reivindicações.
Iniciativas, todas elas, dignas de aplauso e de todo o nosso apoio.

Já agora:

Para quando o "Ano da Palestina", em França e no mundo?

Se Deus existir... 

...castiga esta gente toda que tem invocado o Seu nome em vão! Parece moda entre estes neoliberalóides, o "Deus nos proteja!", depois de um fígado amarelento, é tempo da parte intestinal libertar mais um fluxo do seu ideário, devidamente acompanhado da agora tão querida frase!

Se calhar, o Delgado também faz parte do "Portugal Positivo"...

Momento nostálgico XI 


Redacção 

"Uma senhora pediu-me
um poema de amor.

Não de amor por ela,
mas «de amor, de amor».

À parte aquelas
trivialidades «minha rosa, lua do meu céu interior»
que podia eu dizer
para ela, a não destinatária,
que não fosse por ela?

Sem objecto, o poema
é uma redacção
dos 100 Modelos
de Cartas de Amor."

Alexandre O’Neill

Nada é o mesmo quando feito sem objectivo definido.

Como eles não as tinham, afinal... 

...chegaram à conclusão que é melhor dar-lhes todas as possibilidades no futuro. Assim, ao menos, a próxima invasão já não tem de ser baseada só em mentiras.

terça-feira, maio 25, 2004

Nutrição 

When you came, you were like red wine and honey,
And the taste of you burnt my mouth with its sweetness.
Now you are like morning bread,
Smooth and pleasant.
I hardly taste you at all for I know your savour,
But I am completely nourished.

Amy Lowell - Decade

segunda-feira, maio 24, 2004

I've got the blues 

"Fragile
Like a baby in your arms
Be gentle with me
I'd never willingly
Do you harm

Apologies
Are all you ever seem to get from me
But just like a child
You make me smile
When you care for me
And you know...

It's a question of lust
It's a question of trust
It's a question of not letting
What we've built up
Crumble to dust
It is all of these things and more
That keep us together

Independence
Is still important for us though (we realise)
It's easy to make
The stupid mistake
Of letting go (do you know what I mean)

My weaknesses
You know each and every one (it frightens me)
But I need to drink
More than you seem to think
Before I'm anyone's
And you know...

It's a question of lust
It's a question of trust
It's a question of not letting
What we've built up
Crumble to dust
It is all of these things and more
That keep us together

Kiss me goodbye
When I'm on my own
But you know that I'd
Rather be home

It's a question of lust
It's a question of trust
It's a question of not letting
What we've built up
Crumble to dust
It is all of these things and more
That keep us together"

Depeche Mode - A question of lust

Perguntas à Língua Portuguesa 

Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.

A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o vôo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem, é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como a escrita e o mundo mutuamente se desobedecem.

Meu anjo da guarda, felizmente, nunca me guardou.

Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica.

Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulburbio.

No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.

Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?

Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:

Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?

No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?

A diferença entre um às no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?

O mato desconhecido é que é o anonimato?

O pequeno viaduto é um abreviaduto?

Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente?

Quem vive numa encruzilhada é um encruzilheu?

Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?

Tristeza do boi vem dele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?

O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?

Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?

Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?

Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?

Mulher desdentada pode usar fio dental?

A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?

As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?

Um tufão pequeno: um tufinho?

O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?

Em águas doces alguém se pode salpicar?

Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?

Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?

Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?

Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?

Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocamos essoutro português - o nosso português - na travessia dos matos, fizemos que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.

Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas - o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.

Mia Couto

Os galegos são uns sortudos... 

...são poetas portugueses com fogo de espanhóis.

Abrir a boca en ti, onde as estrelas
configuran a constelación dos nosos nomes,
abrandar a vontade que nos puxa
implacabelmente para os extremos opostos
con esa forza de non sermos nen eu ti nen ti eu,
cortar a fita para inaugurar o tempo
no que nos miramos o ollo no ollo multiplicado
como o rio aquel, o suor, o beixo continuado
balizado por latexos que se escapan,
e palavras atadas que nos fican dentro,
para fabricar o xesto de buscar-nos
por debaixo das sombras e os vestidos.
Abrir a boca à escuridade para encontrar o dia.

Luisa Villalta - Apresados Sen Presa

domingo, maio 23, 2004

Afinal, há esperança! 

Pela primeira vez, vi um judeu a dizer umas verdades. E logo ministro!

Delgado, enganas-te, pá! 

Há mais de dois anos que só temos visto palhaçadas.

És mesmo um ganda maluco, oh Zé Manel! 

"Responsabilizo directamente o PCP por quaisquer problemas de segurança durante o Euro 2004". Não, não é gralha, o "nosso" primeiro-ministro não disse "esses FDP" (mas de certeza que pensou...), disse mesmo PCP.

Alguém se importa de explicar a estes cromos que a demagogia tem limites?!

Para mais, é isto que o líder do principal partido do governo (será?) tem para dizer no discurso de encerramento de um congresso? Sinceramente, acredito que, mesmo dentro do PSD já comece a haver muita gente farta de palhaçadas...

Adenda: Se bem me lembro, o último governo a utilizar os comunistas como bode expiatório para tudo, como se fossem o papão, foi derrubado por aquela "evolução" de há 30 anos...

Na Torre de Belém? 

Aquela jovem que canta aquelas coisas lamechas, a Dido (ou Dildo, como inocentemente lhe chamava um amigo meu até lhe ser explicada a subtil diferença), ao que parece, vai dar um concerto na Torre de Belém.
Bom, a música pode não valer um chavo, mas pode ser que ela se safe pela originalidade...

Momento nostálgico X 


Ao menos, assim ninguém vê... 

Os States mais uma vez no seu melhor!

Desta vez, é o Rumsfeld a proibir os militares norte-americanos de usarem telemóveis com câmara.
Ora então, deixa cá ver se percebi:

Este palhaço, que coordenou as torturas no Iraque, mas que não se demite em conseuquência do escândalo, garante-nos agora oficiosamente que as torturas vão continuar ao mesmo nível, mas agora os soldados americanos já não vão poder tirar fotografias tão facilmente! Isto sim, é sentido humanitário! Respeito pelos direitos humanos!

Anormal!

Fim provável de gerações perdidas 

"Assomados, com o andar tibuteante das vítimas da realidade absoluta, desfalecemos em convulsões de electrochoque no turbilhão da engrenagem triturante que nos transportou em sucessivas oscilações sísmicas para o apaziguamento da indiferença e o amargo isolamento da solidão. Nada é o que era, nada foi o que sonhamos, apenas visões esfumadas ao contacto da memória, apenas imprecisas impressões de um tempo gasto pela usura. Tivemos o mundo, fomos o mundo...
Salve, cadáveres brancos da inocência!
Salve, corpos belos do amor!
Salve, feiticeiros da embriaguez permanente!
Salve, magos da existência não fragmentária!
Salve, pederastas do desejo, junkies do caos, prisioneiros da liberdade!
Salve, irreprimível lúdico!
Salve, criadores de vida, amantes da infância, viciados do presente!
Salve, orfãos perdidos!
Salve! Salve! Salve!"

Mão Morta - Último quadro de "Gumes"

Experiência 

"Depois, vou reparando nesta curiosíssima coisa:
aquilo a que toda a gente chama experiência, vida, etc., é puramente um conjunto de regras práticas para esquecer que se vive. Porque, se a gente se lembra da vida, não há "experiência" possível - e a experiência é outra, mais funda, embora feita, só e também, do que se vê e adivinha. Pois se chamam experiência ao saber tornar a fazer o que já se fez - não é isto a negação da vida?"

Jorge de Sena

Arte e Amor 

"Os museus são necessários, são uma arrecadação de coisas visuais que entusiasmam os homens das tecnologias a respeitar o visual e que contribuem para a educação estética das pessoas. Antigamente, os Mestres da criatividade eram mais respeitados. Formavam uma elite, eram eles que conduziam as coisas do ponto de vista visual. A arte evolui com o tempo. O que é perfeito para uns poderá não o ser para outros. Dentro de cada homem há um estilo. É a estética, é o cunho, é a graça de uma pessoa ou objecto. A arte é inexplicável e aí é que está a criatividade. Não se pode explicar o inexplicável. Nasceu uma obra, não se pode explicar como aconteceu. Existe entre o artista e a obra a mesma relação que existe entre pai e filho. A obra é a continuidade do artista. Muitas vezes o artista não sabe como surgiu a obra, ela simplesmente aconteceu. Cada nação tem o seu céu, os dois limites do homem são o céu e a terra."

Martins Correia (1910-1999)

Eu não vos podia deixar sem ver o resto... 

Lembram-se do ataque ao tanque de guerra? Pois bem, ao que parece, novas aventuras esperavam o "Alfa 2"...

Não ganhei... 

...mas foi por pouco, caraças!
Nada mau, para uma estreia!

sábado, maio 22, 2004

Esclarecimento bíblico: S. Tiago 

De facto, existem dois apóstolos com o nome de S. Tiago; S. Tiago Menor e S. Tiago Maior (Que se saiba, não há registo de como fizeram a medição. No entanto, tratando-se de um grupo exclusivamente masculino que se sabe ter estado envolvido em actividades como a lavagem comum de pés, presume-se que tenha sido algo parecido com as comparações que grassam pelos balneários das escolas secundárias deste país.)

S. Tiago Menor era filho de Alfeu e de Maria, irmã de Nossa Senhora. Primo, portanto, de Jesus. Tinha três irmãos, José, Judas Tadeu e Simão. Era carpinteiro. Ao que parece, é um mártir, tendo sido lapidado (morto à pedrada, para o incauto leitor).

S. Tiago Maior, por seu turno, tem túmulo em Santiago de Compostela. Era filho de Zebedeu e Salomé (O que é que a minha cabeleireira tem a ver com isto?!), sendo irmão de João Evangelista. Eram todos pescadores. Fazia parte do grupo dos três apóstolos mais íntimos de Jesus. Para agradar aos Judeus, Herodes manda-o decapitar em Jerusalém.

Pelos exemplos, posso ver que os Tiagos, quando santos, têm tendência para a morte violenta.

[Nota: lembrar-me sempre de não deixar que me canonizem em vida...]

Meia-hora e tu 

Meia-hora. Terá sido tão pouco tempo? O certo é que, quando aquela passagem de nível fechou, a chuva começou a cair com mais força. Pingos grossos, que deixaram o pára-brisas cheio de círculos grandes, campo minado de água.
Quando me canso de esperar, desligo o carro, tiro o cinto e recosto-me bem no banco, à espera. De vez em quando, um relâmpago, seguido de um som de folha de zinco abanada por trás do palco, 10, 12 segundos mais tarde. “Já está a ir embora...”, enquanto sorrio ao ver a rapariga do carro de trás a abrir o vidro e, espontaneamente, a emprestar o isqueiro ao motard parado ao nosso lado, vendo-o procurar desafortunadamente nos bolsos do fato de cabedal. Bem basta a chuva!

“One hand loves the other
So much on me

Born stubborn, me
Will always be
Before you count 123
I will have grown my own private branch
Of this tree

You: gardener
You: discipliner
Domestically
I can obey all of your rules
And still be: be

I never thought I would compromise
I never thought I would compromise
I never thought I would compromise

let's unite tonight
we shouldn't fight
embrace you tight
let's unite tonight

I thrive best
Hermit style
With a beard and a pipe
And a parrot on each side
But now I can't do this without you

I never thought I would compromise
I never thought I would compromise
I never thought I would compromise

let's unite tonight
we shouldn't fight
embrace you tight
let's unite tonight

One hand loves the other
So much on me

let's unite tonight
we shouldn't fight
embrace you tight
let's unite tonight

let's unite tonight
we shouldn't fight
embrace you tight
let's

unison”
no carro. E lembro-me de ti. De como me devolveste a confiança. E de como fazes de mim uma melhor pessoa.

Alguns minutos, mais tarde, ouço o roncar inconfundível de uma Vespa aproximando-se lentamente... O careca (como venho a descobrir um pouco mais tarde) de meia-idade com o equipamento de pesca às costas desliga o motor. Fica ali por alguns minutos, enquanto a chuva abranda, já o pára-brisas está cheio de gotas enormes, redondas, um caleidoscópio aquático. O homem da Vespa apeia-se, arrisca-se até à borda da linha, a ver se o comboio finalmente vem “Nem o pai morre, nem a gente almoça!”, ouço-o dizer, por entre o gotejar contra os vidros, as suas feições grotescas através do meu caleidoscópio. Tenho o vidro aberto, não gosto do cheiro a fumo dentro do carro. Não consigo conter um sorriso aberto, visível até para ele, que se ri para mim “Deve ser para os peixes não estranharem estar fora de água!”. Passa um pendular, lentamente. O pescador corre para a Vespa, ouvem-se os carros a serem ligados, parece um arranque de Fórmula 1. Não sei porquê, não tenho vontade de ligar o carro. Espero. E, de facto, a cancela continua em baixo, as pessoas dos dois lados da linha olham-se, expectantes. Voltam a desligar-se os carros. Minutos mais tarde, surge o comboio de mercadorias, inconscientemente aguardado. Voltam a arrancar os motores, desta vez a guarda vem, passo lento, certo, roda a manivela, levanta-se a cancela. Passamos todos, lentamente, que o piso é irregular. A fila já do outro lado, já ia nuns 600 m, enorme para os meus padrões de interior. Alguns metros à frente, um cavalo que já foi branco, sujo, puxa uma carroça, encharcado. E sei que no sossego da minha vida há lugar para a tua agitação pacificada. Mas gosto muito das minhas raízes.

À menina apressada do Saxo comercial: 

Ponto 1: Não é bonito atravessar um parque de estacionamento de grande superfície pelo meio das filas todas. Os senhores gastaram dinheiro a marcar os arruamentos, por alguma razão foi.

Ponto 2: Não percebi qual foi a pressa em tentar ir pela outra saída para sair à minha frente, quando afinal, sem pressas e pelo caminho normal, chegámos lá ao mesmo tempo.

Ponto 3: Não pense que, por fazer ar de má e chegar a uma rotunda à campeã, a travar em cima de mim, me intimida. EU vou na rotunda; EU tenho prioridade, lembra-se de qualquer coisinha das aulas de código que, certamente, teve?

Ponto 4: Da próxima vez que, numa saída em que, 300 metros à frente, sou obrigado a parar, a menina achar que circular a 60 km/h for muito pouco, me fizer aproximações à traseira como fez hoje e me buzinar, pode ter a certeza que eu perco o amor ao meu fabuloso bólide (não, aquilo não é um ponto de ferrugem, é design!) e ponho o pé ao travão. Aproveito para lhe recordar que a responsabilidade será SEMPRE sua, logo, pagar-me-à o arranjo e talvez eu tenha, finalmente, forma de pagar uma série de arranjozitos que o carrinho anda a precisar!

Estamos entendidos?!

À menina mal-educada do Corsa "chuning":

Ponto 1 (e único): Para a próxima, antes de levantar o dedo médio em gestos obscenos, repare se o desconhecido que pára o carro e lhe faz sinal não está, porventura, a indicar-lhe que tem uma luz de stop fundida.

Porra de latinos, que já contagiaram as mulheres!!!

Peregrinos 

Sometimes you feel so far away,
distanced from all the action of the play,
unable to grasp significance,
marking the plot with diffident dismay,
stranded at centre stage,
scrabbling through your diary for a lost page:
unsure of the dream.
Kicking a stone across the beach,
aching for love and comfort out of reach;
the way ahead seems to be so bleak,
there's no-one with any friendship left to speak
or show you any relation
between your present and future situations...
lost to the dream.

Away, away, away - look to the future day
for hope, some form of peace
within the growing storm.

I climb through the evening, alive and believing
in time we shall all know our goals and so, finally, home;
for now, all is secret - though how could I speak it,
allow me the dream in my eye!
I've been waiting for such a long time
just to see it at last,
all of the hands tightly clasped,
all of us pilgrims.

Walking in silence down the coast,
merely to journey, here hope is the most,
merely to know there is an end;
all of us, lovers, brothers, sisters, friends
hand in hand....
Shining footprints on the wet sand
lead to the dream.

The time has come, the tide has almost run
and drained the deep:
I rise from lifelong sleep.

It seems such a long time I've dreamed -
now, awake, I can see
we are pilgrims and so must walk this road,
unknown in our purpose, alone, but not worthless,
and home ever calling us on.
We've been waiting here for so long,
all of our hands joined in hope,
holding the weight on the rope -
all of us pilgrims.

Van Der Graaf Generator - Pilgrims


sexta-feira, maio 21, 2004

Vou tentar não abusar 

Ultimamente, tenho postado muito links para animações do Charges.com.br, sei que se torna repetitivo, mas há muitas às quais não resisto.

Hoje, revi algumas mais antigas e encontrei este manifesto "bushista" do porquê da invasão do Iraque.

Momento nostálgico IX 



Quem é amigo, quem é?

Pensamentos de latrina I 

Com toda esta polémica a propósito da clonagem, uma grande pergunta urge colocar:
Alguém que tenha relações sexuais com o seu próprio clone, comete incesto, é gay ou está a masturbar-se?

É só mudar as cores 

E consigo sentir-me tão identificado com ele...

Paneleiros! 

É, realmente, o epíteto indicado para este anormais!

O Governo americano probiu hoje a doação de sémen e a cedência de óvulos, tecidos e órgãos por parte de portadores de doença contagiosa, que apresentem sintomas, ou que tenham praticado comportamentos sexuais de risco. Até aqui, tudo bem. O problema é que um dos comportamentos de risco listados é a ocorrência de uma relação homossexual nos últimos 5 anos! Isto quando se sabe que doenças como a SIDA até têm aumentado junto dos heterossexuais!

Fascistas!

quinta-feira, maio 20, 2004

Nem no Pompidou 

Afinal, nem no Centro Georges Pompidou as obras de arte estão seguras...

O quadro "Natureza morta com Charlotte", de Picasso, avaliado em 2,5 milhões de euros desapareceu das oficinas de restauro do Pompidou. É (ou era...) propriedade do Museu de Belas-Artes de Nancy.

E depois ainda fingem que querem encontrar as jóias da Coroa Portuguesa...

Momento nostálgico VIII 


Proposta de novas tácticas terroristas 

Fizessem isto no Iraque e iam ver se a situação não se resolvia muito mais depressa! E de forma muito mais calma...

Paz!

Só porque o Oliveirinha me chateou... 

Prometo que isto NÃO se vai tornar um hábito do litanias, mas o Oliveirinha provocou, tem de as comer! Então, os meninos do teu coração andam a portar-se mal?

Ai, ai, têm de levar "tau-tau"!

É nestas alturas que me apetece... 

...ter a oportunidade de, durante um dia (só um, já me chegava!), poder torturar a ministra que todos nós adoraríamos ver trucidada por um camião...

Eu cá, só tinha dificuldades em escolher entre cortá-la, dos pés até à cabeça, com uma máquina de cortar fiambre (morre, porca!!!), ou encostá-la a uma parede e atirar-lhe pedrinhas à cara, durante um dia inteiro... e calhar, fazia esta primeiro e depois cortava-a às fatias!

Então, não é que a senhora se esqueceu de declarar mais-valias relativas à venda de uma casa, no valor de 15 mil euros. O querido irmão da senhora justifica-se com "desatenção e desconhecimento", o que seria hilariante, se não me desse tanta vontade de os correr à chapada!

Momento nostálgico VII 


A canção de amor perfeita 

Give me your love
And I'll give you the perfect lovesong
With a divine Beatles bassline
And a big old Beach Boys sound
I'll match you pound for pound
Like heavy-weights in the final round
We'll hold on to each other
So we don't fall down

Give me a wink
And I'll give you what I think you're after
With just one kiss I will whisk you away
To where angels often tread
We'll paint this planet red
We'll stumble back to our hotel bed
And make love to each other
'Til we're half dead

Maybe now you can see
Just what you mean to me

Give me your love
And I'll give you the perfect lovesong
Give me your word
That you'll be true to me always come what may
Forever and a day
No matter what other people may say
We'll hold on to each other
'Til we're old and grey

The Divine Comedy - Perfect Lovesong


"Entre Letizia e Durão" 

Oh, meu caro, eu cá não tenho dúvidas... E, caso o caríssimo tenha, denota, no mínimo, um gosto duvidoso...

quarta-feira, maio 19, 2004

Juro que será uma vez sem exemplo 

A sério, eu não gosto de gozações sobre futebol, de adeptos de um clube para outro... Pelo menos, não no litanias! Isto pode ser um blog libertário, mas ainda é um blog de respeito, porra!

Mas desta vez, tenho de abrir uma excepção e mostrar aquilo que os adeptos benfiquistas fizeram na final da Taça de Portugal, no passado Domingo.

É preciso explicar que a claque foi mostrando frase após frase, até mostrar a última. Foi de tal forma inesperado, que mesmo boa parte dos adeptos do FCP não se contiveram e, segundo rezam as crónicas, terão aplaudido a iniciativa. A provar que, afinal, eles, quando se esforçam, até conseguem ser criativos e divertidos... podiam era ser sempre assim, todos!


Amor, che meco al buon tempo stavi 

Amor, comigo noutro tempo estavas
Entre estas margens do pensar amigas
E p'ra saldar nossas razões antigas
Comigo e o rio arrazoando andavas:

Flor's, frondes, sombras, ondas, antros, cavas,
Profundos vales, altos montes, sigas,
Que repouso me foram das fadigas
E hoje o não são de tantas mágoas bravas.

Ó vós que os ermos habitais do bosco,
ó ninfas, e quem mais do fresco fundo
Do líquido cristal se alberga e pasce:

Tão claro foi meu dia, ora é tão fosco
Como a Morte que o faz. Assim no mundo
Ventura vem do dia em que se nasce.

Francesco Petrarca (tradução de Jorge de Sena)


Isto hoje está mais actualizado que a CNN! 

Afinal, os ingleses deram-nos uma prova de cidadania e desenvolvimento (algo que, ultimamente, não abundava por aquelas bandas...)!

Os responsáveis pelo ataque ao Tony foram elementos de um movimento chamado "Pais Pela Justiça", que pugna pelos direitos iguais dos pais! E o pacote com que atingiram os deputados e o primeiro-ministro eram, afinal, preservativos... Caso algum deputado queira andar prevenido (não vá o diabo tecê-las e, finalmente, a colega giraça da bancada oposta decidir alinhar com ele num "Fish and Chips" com molho à espanhola), a partir de agora, tem de ter cuidado, porque as medidas de segurança relativamente a preservativos vão, certamente, apertar (que mal que isto soa...)!

Daí se conclui de onde vem o atraso de Portugal... 

"Portugal atrasa-se na candidatura a dinheiros de Bruxelas"

O humor em Portugal anda definitivamente em alta... 

"Autarca apresentou recurso para tribunal dos processos relativos aos incidentes no Estádio do Marco. Porque diz que não provocou violência nenhuma."

Avelino Ferreira Torres, esse grande humorista, sempre no seu melhor!

Só gostava de acrescentar uma informação:

segundo rezam as más-línguas, esse estádio "do Marco" chama-se, na realidade "Estádio Avelino Ferreira Torres", o que, se virmos bem, até não fica mal de todo... Fala-se à boca pequena que foi construído com dinheiro que deveria ter sido utilizado para a construção de uma ETAR. Mas eu não ponho as mãos no fogo, que ainda me acusam de andar a caluniar pessoas de bem do nosso Portugal. Só reproduzi aquilo que ouvi dizer...

Já só falta acabar com ela... 

Portugal assinou ontem a nova Concordata com o Vaticano. Algumas melhorias, o fim de algumas injustiças, como o não pagamento de impostos por parte de padres e de instituições hoteleiras em instalações da Igreja, muito ainda por fazer, como, por exemplo, acabar com o regime de excepção da Universidade Católica.

Agora, só falta fazer o mais importante (e mais simples, até...):

acabar de vez com a Concordata.

Finalmente, uma palavra para elogiar o fim da presença episcopal nas inaugurações. Não por questões de igualdade religiosa; é só porque os bispos costumam comer que nem umas lontras e, assim, sempre sobra mais alguma coisa p'rá malta que se associa sempre a esses eventos...

Brinca, brinca... 

...que é só o que falta!


Aleluia! 



Parabéns, Agustina!

Não é a "segurança" que os evita... 

Alguém descontente com o Tony Blair (I wonder why...) decidiu demonstrar mais uma vez que a segurança, por mais apertada que seja, nunca conseguirá impedir ataques terroristas. Bastava que fosse Anthrax...

Não quero que vos falte nada 

Como o link para o texto do Vasco Pulido Valente, comentado alguns posts abaixo, parece não querer funcionar permanentemente, deixo-vos aqui o artigo completo:

"Perfeição

O número de portugueses diminui. Cada mulher tem em média 1,4 filhos; cada geração é em média 20 por cento mais pequena do que a anterior; e logicamente o peso dos velhos não deixa de aumentar. Isto preocupa o sr. ministro Bagão Félix, que resolveu tomar a defesa da família. Mas como? Ele sabe muito bem que há duas causas para o «decréscimo da natalidade»: os «valores» e a dificuldade de «conciliar» a família com o trabalho. Quanto aos «valores», embora com certeza os deplore, Bagão Félix não pode fazer nada. Quanto a conciliar a família e o trabalho, ele acha que pode fazer e, mais do que isso, está a fazer alguma coisa. Vai, por exemplo, aumentar a cobertura nacional de jardins-de-infância de 75 para 100 por cento e a de creches de 30 para 50 por cento. Melhor ainda: vai convencer empresários a criarem creches para as criancinhas dos trabalhadores. E não tenciona ficar por aqui. Também quer «formar» especialistas para «serviços de assistência» como «lavandaria» e «baby-sitting». Uma doce vida espera os pais dos futuros portugueses: de manhã, depositam os filhotes na creche ou no jardim-de-infância; à tarde, entregam a respectiva roupa suja à lavandaria oficial; e à noite são substituídos por um baby-sitter. Infelizmente, mesmo no meio de tal felicidade, não custa admitir que alguns destes mimadíssimos pais se resolvam zangar, interrompendo assim a sua patriótica produção. Bagão Félix pensou nisso e, pensando nisso, «introduziu um elemento novo» na «mediação familiar». Daqui em diante, o departamento de «mediação familiar» tentará evitar a «ruptura» do casal ou, por outras palavras, servirá de amigo, tio, avô e marriage counsellor. Admirável. Tudo admirável. O Estado-Providência, insustentável e falido, é agora parte da família, e uma parte essencial. De resto, só lhe faltava constituir família para ser perfeito."

In Memoriam 

Morreu Elvin Ray Jones, baterista de jazz, ex-membro do quarteto de John Coltrane, com 76 anos. Tocou até há cerca de dois meses atrás.

E porque é que não me ocorre nada mais para dizer?


Eu não resisto... 

Já uma vez, há algum tempo atrás, falámos aqui da impossibilidade da literatura de aviário ter coisas a dizer sobre a vida real. Mas eu não resisto, de vez em quando, atiro-me de cabeça e chafurdo nos lameiros pútridos de persporrências túrgidas que são os escritos de algumas pessoas(?) da nossa praça (provavelmente, da praça do peixe...).

E é nesse espírito de sacrifício, qual mártir blogosférico, que encontrei, uma vez mais, uma pérola desse vulto da literatura portuguesa, essa alma pensadora, responsável por momentos de verdadeira ruptura na cultura nacional. Quem conseguiu ficar indiferente a escritos pungentes como "Alma de Pássara" ou "Sei lá porque é que acreditei quando aquele senhor da editora me disse, em cuecas naquele quarto de pensão barata no Rossio, que eu sabia escrever livros"?

Transcrevo aqui o artigo na íntegra, pois é-me impossível seleccionar apenas os melhores trechos... Todo ele é uma merda! Apenas me atrevo a destacar a negrito as melhores passagens deste tesouro da crónica em Portugal.

"A chegada ao mercado da revista Sábado na passada sexta-feira veio sacudir o panorama dos "newsmagazines", com a Visão habituada a um sucesso consistente e a Focus com uma linha editorial já totalmente fora do tom inicial a que se propusera quando apareceu no mercado.

Mas nada é permanente senão a mudança, já dizia o poeta e com razão, por isso não é de estranhar que o grupo Cofina decida apostar na publicação de um newsmagazine que nos traga algo de novo e diferente, para variar.

A Sábado nasce com a intenção de ajudar o país a ver a vida com um prisma positivo [assim, uma espécie de revista Lux, mas a tentar ser séria, sem ser lamechas] sem nunca abdicar do exercício da crítica, diz o estatuto editorial. E, mais à frente, acrescenta, a Sábado assume que o dever de informar deve ter como fronteira o direito de todo e qualquer cidadão ao seu bom nome e imagem.

Ora, só isto, dá para imaginar de facto uma publicação diferente: uma publicação que escolhe o lado positivo das notícias, ou seja, o lado direito da vida [no contexto actual, sendo esta uma revista de...cof-cof... "grande informação", presumo que se trate de ver o lado de Direita da vida, em vez de ver o lado direito...] , e que deseja respeitar o bom nome e a imagem do cidadão, já merece a atenção dos leitores, uma vez que o jornalismo em Portugal está neste momento a sofrer a maior crise de qualidade de sempre, com linhas editoriais duvidosas, imediatistas e muitas vezes totalmente isentas de escrúpulos. Estratégias planeadas para aumentar as tiragens que exploram a desgraça alheia nas parangonas e inconsciência ambiciosa de estagiários ignorantes e inconsequentes, orientados por editores sanguinários, que, infelizmente se multiplicaram pelas redacções, qual praga de gafanhotos.

A violência do que aqui escrevo é fruto de uma análise longa e apurada que tenho vindo a fazer ao longo deste últimos dois anos à imprensa portuguesa em geral [no âmbito da sua tese de doutoramento "Critérios psicossomáticos na escolha de linhas editoriais - a imprensa portuguesa e o pessimismo nacional"], e, já agora, aproveito para ressalvar, neste panorama desolador, que algumas publicações ditas "cor-de-rosa" têm conseguido manter o seu estilo e tratar com mais respeito as figuras públicas do que muita imprensa dita séria, dita cinzenta, dita idónea, mas que há muito não relê, ou lê o Código Deontológico, o Código de Honra, o Estatuto do Jornalista e a Lei de Imprensa." [aqui, já nem eu me consigo controlar e tenho de me rebolar no chão, de tanto rir... Guiducha, querida, eu só queria lembrar-te de uma coisa: as "figuras públicas" de que essas revistas falam não passam de um monte de bandalhos sem terem onde cair mortos ou, em alternativa, nada que fazer na merda de vida fútil que levam! Não são figuras que mereçam sequer o interesse dessa tal imprensa séria, cinzenta, idónea, como lhe chamas... Infelizmente, os assuntos sérios, quando tratados de uma forma séria, não são emoldurados com cores berrantes, numa tentativa desesperada de parecer fashion, ou divertido, ou ligeiro, ou, de algum modo, "social"...]

terça-feira, maio 18, 2004

Pesquisa preparatória para resposta a 6 casamenteiras frenéticas 


segunda-feira, maio 17, 2004

Mas a religião deles não permite, pá! 

Há algum tempo que andava, confesso, afastado do consumo em doses controladas do veneno destilado por Vasco Pulido Valente. E, sinceramente, com muita pena, que aquele homem não destila veneno, aquele homem É veneno!

Bem se verifica que este governo anda, realmente, equivocado. Que as famílias portuguesas não têm condições para terem filhos em número suficiente para alterar o rumo desastroso da pirâmide etária deste país, já se sabia. Agora, querer resolver essas dificuldades com a criação de meios de estandardização social, tendentes cada vez mais ao individualismo e ao assassínio do diálogo e da sã convivência familiar é mais uma marca evidente daquilo que este governo pretende para o futuro:

um país em que as famílias são meras figuras de estilo, um grupo desirmanado de pessoas que se junta ocasionalmente para celebrar qualquer coisa de que já nem se lembram bem.

Teoria e prática 

Sempre achei fundamental o contacto directo. Quer com realidades de trabalho, quer em contacto social. Não é a mesma coisa ler sobre algo e vê-lo à nossa frente; tal como não é o mesmo falar com alguém e estar com essa pessoa.
E, no entanto, volta-e-meia, lá me calha um desmentido oficial da vida!
Há pessoas de contacto diário que se revelam autênticas caixinhas de surpresas (não necessariamente agradáveis) e pessoas de contacto longínquo que são cada vez mais próximas, mesmo quando a distância se mantém inalterada.

O conhecimento teórico sempre foi mais seguro que o prático...

Nota cultural II 

Quinta-feira foi, como alguns sabem, um dia difícil. No meio disto tudo, sempre se inaugurou uma exposição de pintura. Podem ver aqui o site oficial da artista, que inclui alguns dos trabalhos que eu tenho o privilégio de ver ao vivo todos os dias, por agora.

Momento nostálgico VI 


sábado, maio 15, 2004

"Não há, não há, não há." 

Quem disse alguma vez que há deuses lá nos céus?
Não há, não há, não há. Não deixem que ninguém,
mesmo crente sincero nessas velhas fábulas,
com elas vos engane e vos iluda ainda.
Olhai o que acontece, e dai a quanto digo
a fé que isto merece: eu afirmo que os reis
matam, roubam, saqueiam à traição cidades,
e, assim fazendo, vivem muito mais felizes
que quantos dia a dia pios são e justos.
Quantas nações pequenas, bem fieis aos deuses,
sujeitas são dos ímpios com poder e força,
vencidas por exércitos que as escravizam.
E vós, se em vez de trabalhar rezais aos deuses,
e deixais de lutar para ganhar a vida,
aprendereis que os deuses não existem. Que
todas as divindades significam só
a sorte, boa ou má, que temos neste mundo.

Eurípedes - trecho de Belerofonte (Tradução de Jorge de Sena)



quinta-feira, maio 13, 2004

Ainda tenho boas surpresas, afinal... 

Acabo de me dar conta que Portugal lidera a nível mundial uma determinada área de Investigação e Desenvolvimento nas telecomunicações. Estou pasmado, sobretudo, por ser um projecto baseado em know-how português, idealizado por portugueses, dentro da estrutura da Siemens!

quarta-feira, maio 12, 2004

Filisteus 

"Esta música é tua?!"
(expressão traduzindo a frase por "esta merda de música é tua?!")

A merda de música era "La Bohéme", pela Callas...

Perdoa-os, eles não sabem o que fazem...

E não venham depois as mulheres dizer que eu não sou amigo... 



Obrigadinho pela imagem, Oliveirinha!

terça-feira, maio 11, 2004

Karaoke 

Como o litanias é um blog eclético, hoje deixo aqui um post para os fãs de karaoke.

Momento nostálgico V 


"Acreditas em almas gémeas?" 

Perguntava-me há dias um amigo. Fiquei sem saber o que fazer, se lhe dizer que sim ou se lhe partir a cara, pela impertinência da questão. No entanto, partir a cara a um amigo é um pouco um contrasenso. E como eu nem sou adepto da violência, fiquei-me pelo sim. "Sim?! Só isso?! Nem uma justificaçãozeca?!", parecia dizer-me o seu olhar inquiridor, levemente surpreso por, por uma vez que fosse, eu dar-lhe uma resposta simples, sem floreados, justificações, complementos ou, porque não, citações bibliográficas. E, no entanto, estava certo; momentos mais tarde, um titubeante "eh pá..." saía-me da boca e o seu olhar abria-se num sorriso triunfante.
Acendi um cigarro e afundei-me mais ainda no sofá, enquanto traçava as pernas e pensava na questão.
"Como é que tu queres que eu não acredite, se já encontrei uma vez a minha?" E agora era meu o olhar sorridente. "A Mademoiselle République não era nem mais nem menos que isso, pá! Portanto, eu já a tive, à minha alma gémea. Já não a tenho. E sei que não voltarei a tê-la. Vou vivendo com isso, umas vezes melhor, outras, nem por isso. Mas não me flagelo por isso; pode ser que a Natureza tenha, na sua lógica bizarra, encriptada para nós, a possibilidade do erro; e que essa possibilidade, por mais ínfima que seja, permita a coexistência sobre o mundo de duas almas gémeas da mesma pessoa."

Enquanto o cigarro morria entre os meus dedos, ouvi a sua voz, dizendo "Isso era sorte a mais..."

"Sorte a mais já eu tive dessa vez, logo, nada impede que volte a acontecer..."


Afinal, os e-mails também dizem umas verdades... 

Ora vejam lá este que recebi hoje:

"As Mães, por vezes, também se enganam....
Deixa de jogar bola todo o dia e vá estudar, para você ter um futuro. - Mãe de Pelé
Porque é que diz sempre que o leite está com mau gosto? - Mãe de Pasteur
Pare de gritar o dia todo. - Mãe de Luciano Pavarotti
Deixa de brincar com estas maquininhas ou nunca deixará de ser pobre. - Mãe de Bill Gates
É a última vez que rabiscas o tecto do banheiro. - Mãe de Miguel Angelo
Como é que três quartos de hora são relativos? Se você chega tarde à escola, vai ter falta. - Mãe de Einstein
Pare de batucar na mesa. Já estou cansada desses ruídos. - Mãe de Samuel Morse
Fica quieto de uma vez! Daqui a pouco, vai querer dançar na parede. - Mãe de Fred Astaire
Quantas vezes tenho que lhe dizer para não andar junto com esses negrinhos? - Mãe de Abraham Lincoln
Nada de igualdades! Eu sou tua mãe e tu és meu filho! - Mãe de Karl Marx
Estou falando contigo. Não me respondas com gestos. Os gatos comeram a tua lingua? - Mãe de Charles Chaplin
Deixe estes soldadinhos de chumbo de lado, e vá estudar francês. - Mãe de Napoleão Bonaparte
E tu pensas que trabalhando como operário vais chegar a algum lugar? - Mãe de Lula da Silva
Pare de mentir ou nunca será ninguém na vida! - Mãe de Durão Barroso"

segunda-feira, maio 10, 2004

Aniversários 

Há um ano atrás, precisamente a esta hora, o meu local de trabalho foi inaugurado. Como o tempo passa...

sábado, maio 08, 2004

Quem te avisa, teu amigo é... 

Em 1995, a Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen conquistava o poder em quatro cidades francesas: Toulon, Orange, Marignane e Vitrolles. Em 1998, no álbum Essence Ordinaire, os Zebda faziam o aviso para o futuro desta forma:

Tout semble si apaisé dans ma ville
Si je suis fou, que cache cet asile?
Ces Africaines aux cheveux lisses
Qui malgré tout l'avaient faite métisse
Tous ces sourires qui coulent à flot

Et tant de bourses à boire des chocolats chauds
Tous ces enfants à qui il ne manque rien
Et les terrasses qui ont fait le plein
Je suis fracas quand la foule est tranquille
Et toi tu sembles si apaisée ma ville

Mais, n'attends pas qu'ils reviennent
Même s'ils n'ont pas d'armes tu vois
N'attends pas qu'ils reviennent
Ils ont pris quatre villes déjà
N'attends pas qu'ils nous tiennent
Même s'ils n'ont pas d'armes ils sont là
N'attends pas qu'ils reviennent

Y manque que le sable et le soleil couchant
Y manque que la mer y'a déjà les marchands
Y'a même un peu de vent qui fouette
Et les pigeons qui font semblant d'être des mouettes
Des jambes nues et des cuisses croisées

Comme un certain l'a écrit, "la Nausée"
Tous ces goûters à vous dégouter du bonheur
A pas aimer, qu'il soit bientôt quatre heures
Je suis fracas quand la foule est tranquille
Et toi tu sembles si apaisée ma ville

Mais n'attends pas qu'ils reviennent
Même s'ils n'ont pas d'armes tu vois
N'attends pas qu'ils reviennent
Ils ont pris quatre villes déjà
N'attends pas qu'ils nous tiennent
Même s'ils n'ont pas d'armes ils sont là
N'attends pas qu'ils reviennent

Tout semble si apaisé dans ma ville
Mais j'y crois pas, tout ça c'est trop facile
Toutes les villes se prennent avec des mots
Y'a toujours une moitié pour dire: Bravo!
C'es pas la guerre, c'est dépassé

On me dit : "C'est qu'un mauvais moment à passer"
En tout cas si je lâche mon lasso
Ils seront à la porte de mon ghetto
Comme à Toulon, Orange ou Marignane
Mais je m'en fous, ici on aime la castagne

Mais n'attends pas qu'ils reviennent
Même s'ils n'ont pas d'armes tu vois
N'attends pas qu'ils reviennent
Ils ont pris quatre villes déjà
N'attends pas qu'ils nous tiennent
Même s'ils n'ont pas d'armes ils sont là
N'attends pas qu'ils reviennent

Zebda - Tout semble si

Por cá, em vez de quatro cidades, tomaram-nos o país. Agora, vejam lá...

sexta-feira, maio 07, 2004

Momento nostálgico IV 



A pedido de várias famílias...

Abrandamento 

Infelizmente, não trago uma boa notícia (para mim, que para os restantes, será um alívio, certamente). Por motivos profissionais e técnicos, o litanias vai sofrer um abrandamento nos próximos dias. Não me será possível postar com tanta frequência, nem seuqer comentar os outros blogs. Espero que este período passe depressa, porque isto vai-me fazer falta!

Momento nostálgico III 


quinta-feira, maio 06, 2004

Divulgação Institucional 

Já há algumas semanas que ando para colocar aqui informação relativa a um seminário, a realizar-se este fim-de-semana e de cuja organização faço parte: "A Agricultura na Cidade - 7 mil anos de história e desafio para o Médio Tejo no século XXI", organizado pelo Parque Arqueológico e Ambiental do Médio Tejo.

Incluo aqui a minha contribuição escrita à discussão preparatória do seminário:

"À primeira vista, o título que serve de base a este seminário pode parecer desajustado; afinal, não seria mais óbvio discutir “A agricultura e a cidade”, no lugar de “A agricultura na cidade”? Parece-nos hoje evidente que a cidade não é um espaço agrícola, mas sim um espaço urbano por excelência, povoado de infra-estruturas várias, que devem conferir aos seus habitantes um estilo de vida próprio, recheado de possibilidades, a nível económico, social ou cultural. É uma concepção comum, a que não será alheia a tendência para a colagem ao conceito de cidade como um espaço eminentemente metropolitano e, no caso português, litoralizado.



Quando falamos de cidades e do seu relacionamento com a ruralidade parece natural o impulso de visualizar uma relação depredatória, em que a cidade parece querer literalmente devorar os melhores recursos que o meio rural possui, quer através dos géneros aí produzidos, quer através dos inputs disponíveis para as suas indústrias; em que as populações que se deslocaram para a cidade estão condenadas à exclusão ou a uma adaptação forçada, nem sempre evidente. Ou seja: ou falamos de populações que se tornaram problemáticas para a orgânica citadina, que as enclausurou em “guetos” físicos, económicos e culturais, como no caso das ilhas do Porto nos finais do séc. XIX, ou, por outro lado, das clivagens inerentes à geração seguinte. Aquela que nasce em ambiente puramente urbano, mas cuja realidade familiar está profundamente implantada nas origens rurais, com valores que se vêm a revelar desajustados.



E aí reside o ponto fulcral para a compreensão da validade deste debate nos moldes aqui propostos. Não é essa a realidade urbana desta nossa região. Não é de grandes metrópoles que se faz a história e a organização territorial deste Médio Tejo. E não se pode nem deve exigir às nossas cidades o mesmo carácter das cidades fortemente industrializadas do litoral. Por outro lado, se é ainda assim responsabilidade da cidade desempenhar o papel de motor da região, esta não pode jamais esquecer a sua origem e a sua relação visceral com o campo, com a ruralidade que a envolve. Se é natural que, por exemplo, a cidade ocupe ao nível cultural um lugar destacado, esta não se pode dissociar da sua origem mais campesina, sob pena de se dissociar de tudo aquilo que fez e faz, precisamente, a sua matriz cultural.



É por isso que, ao discutir a nossa região, começamos pela realidade que faz a base de sustentação histórica e cultural, afinal, de todos nós."

A saga dos folhetos continua... 

A questão da Guerra ao Terrorismo demonstra mais uma vez a dualidade de critérios deste governo. É que, se fosse coerente, já há muito tempo que este governo tinha proibido a existência em Portugal de organizações terroristas. Coisa que, como se vê abaixo, está bem longe de acontecer...



Palhaços!

Eu já andava a gostar muito do que ela escreve 

Mas agora fiquei completamente convencido. É a primeira vez, que me lembre, que ouço da boca de uma mulher uma opinião sobre o papel das mulheres no mundo tão coincidente com a minha. Nem melhores, nem piores; iguaizinhas, na sua diferença... E, por isso mesmo, tão respeitáveis e condenáveis quanto um homem!

Momento nostálgico II 


quarta-feira, maio 05, 2004

Estive mesmo para criar uma... 

...mas depois, descobri que já existe!!!

Tchiii, o Oliveirinha 'tá fodido, pá... 

E depois envia-me estes links assim p'ró lixados... Salta uma caixa de Xanax p'rá mesa 5, sefáxavore!!!

"Enfim voltámos ao tempo em que o Governo, como no tempo da velha senhora, lidava com os assuntos mais embaraçosos de uma forma humilhante. Contudo, e com a evolução dos tempos, a comunicação agora é feita de acordo com o timing necessário e mais conveniente. A estatística, na sua lógica batatal infindável, diz-nos que se manipularmos no momento os números, esquecendo de algumas centenas de pessoas, conseguimos fazer comparações engraçadas e convenientes para todos.
Realmente somos tratados como números, somos um mercado munido de canetas que depositam votos. O Marketing Político vale a pena!! Caguei à algum tempo na filosofia de algibeira e nas questões infindáveis acerca do amor e da solidão e de sei lá o que mais descompensações urbanas nos assolam nesta sociedade em que vivemos. Enquanto não viver numa sociedade livre não penso noutra coisa que não seja a liberdade."

Mas porque é que só a mim é que não me acontece isto?! 

Eu bem me parecia que andava a ser enganado...

Para quem gosta de estatísticas... 

Acabamos de ultrapassar os 1000 "Page views". Aos 100 mil, tenho de pensar num prémio...

Momento nostálgico I 


Fala do Velho do Restelo ao astronauta 

Aqui na terra a fome continua
A miséria e o luto
A miséria e o luto e outra vez a fome
Acendemos cigarros em fogos de napalm
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
Ou talvez da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti eu nem sei que desejos
De mais alto que nós, de melhor e mais puro.
No jornal soletramos de olhos tensos
Maravilhas de espaço e de vertigem.
Salgados oceanos que circundam
Ilhas mortas de sede onde não chove.
Mas a terra, astronauta, é boa mesa
(E as bombas de napalm são brinquedos)
Onde come brincando só a fome
Só a fome, astronauta, só a fome.

José Saramago


Esta semana, os e-mails andam possuídos! 

Depois do post de ontem, parece que os e-mails ganharam vontade própria... Recebi tanta porcaria nas últimas horas, que nem eu imaginava que fosse possível! A mais recente, é um exemplo puro de artesanato kitsch... Agora vejam lá se gostavam de ter uma coisa destas em casa...


Oliveirinha volta ao ataque 

Admitam, já tinham saudades dele...


"O ministro da saúde anuncia…….

Sensível ao crescente número de casos generalizados de pessoas possuídas pelo demónio, o Ministério da Saúde, criou um programa que visa a criação de Alas de exorcismo nos Hospitais centrais e depois, numa fase posterior, nos Hospitais Distritais e respectivos Centros de Saúde.
Ainda no seguimento deste medida, o Ministério da Saúde vai lançar uma campanha de prevenção para a população e geral onde serão expostos alguns focos de contágio a ter cuidado, bem como, medidas paliativas e profiláticas a tomar em situações em que os utentes sintam que foram possuídos pelo Demo. Assim eis alguns conselhos:

Dores de Estômago – Rezar a Sta Bárbara
Dores na coluna – rezar a Pentecostes
Listas de Espera nos Hospitais – rezar a todos os santinhos e ter muita fé.

Mais anunciam que as pessoas não se devem automedicar recorrendo a uma mezinha qualquer. Deverão sim recorrer ao Padre Exorcista da sua área de residência."

Marta 

Por pior que me tivesse corrido o dia, ontem não tive outra hipótese senão sentir-me feliz. Ao chegar a casa, vi um postal com o tecto da Capela Sistina. Nem precisei olhar para a letra ou o selo, soube imediatamente:

Marta!

Quando cheguei pela primeira vez a França, o meu ponto de apoio para me integrar no grupo, de início, foram três andaluzes, o Chinche, a Patro e a Marta. Fantásticos em tudo, ajudaram-me imenso, a entrar no ritmo de trabalho e a perceber melhor alguns termos em francês (neste caso, sobretudo a Marta).
Ao fim de uma semana de convivência e amizade pura, partiram de regresso a Espanha, com a promessa de um regresso em Agosto do Chinche e da Patro. A Marta iria deixá-los e seguiria depois para Nice. Infelizmente, nesse dia não pude estar lá na sua chegada. "Falhei" a Marta por cerca de duas horas. Um ano mais tarde, regressei. Tinha sabido anteriormente que a Marta estaria lá e que havia a possibilidade de nos revermos. Ao chegar, foi-me dito que a Marta tinha partido há cerca de 3 horas.
O facto é que, excepto aquela semana há quase dois anos, nunca mais nos vimos. Mas sei sempre que posso contar com notícias regulares e com a amizade da Marta. Tal como ela o pode esperar de mim.

O que mais me alegra neste postal é o facto de ela ter ido a Roma para visitar o namorado, que ali faz o seu Erasmus neste momento. Nunca o conheci. Nunca vi sequer uma fotografia. Mas sei que é, seguramente, o homem mais feliz do mundo, por ter a seu lado a Marta.

Obrigado, Marta, minha "torita"!

terça-feira, maio 04, 2004

Os e-mails revolucionaram o mundo 

Afinal, de que outra forma seria possível enviar, de forma gratuita, simples e rápida, tanta idiotice? Surpreende-me, realmente, a quantidade de tempo perdido por algumas pessoas a enviar colectâneas de imagens ou pensamentos... Sem esuqecer as "correntes" da amizade, amor, urticária... Enfim! Toda esta introdução só para justificar a publicação do conjunto de "aforismos" que recebi esta tarde:

Portugal é um país geométrico... Tem problemas bicudos, discutidos em mesas redondas, por bestas quadradas.


Os "CORNOS" não existem! Isso foram coisas que te meteram na cabeça. OK...?!?


O teu futuro depende dos teus sonhos. Por conseguinte, não percas tempo, vai dormir....


Nos últimos anos investiu-se muito mais em implantes de seios, em implantes de pénis e em Viagra do que na doença de Alzheimer. Dentro em breve, haverá por ai muita gente dotada com grandes seios ou pénis compridos, a sacudirem-se por todo o lado, sem se lembrarem para que servem...


E se um dia te sentires inútil ou deprimido, lembra-te disto: já houve um dia em que foste o espermatozóide mais rápido do grupo !!!!


A mulher moderna já não pensa em Príncipes Encantados... Prefere o Lobo Mau. Este, não só a ouve melhor, como, no fim, ainda a come!


A mulher do amigo é como a bota da tropa.......... também marcha...


Toda a gente se queixa de assédio sexual no local de trabalho. Ou esta merda começa a ser verdade ou eu despeço-me!!!!

Já toda a gente sabe... 

...que, de vez em quando, gosto das minhas doses maciças de Nick Cave. É, eu sei que já aturaram poemas que cheguem para se porem daqui a andar para sempre. Mas, que é que querem, ainda não tinha mostrado qual é, para mim, o melhor poema de amor/desamor que aquele australiano com educação metodista, nicotinómano em último grau, ex-heroinómano, voz de barítono e pianista do caralho (pardon my french) alguma vez escreveu! Assim sendo, tomem lá disto, que se faz tarde!

I left by the back door
With my wife's lover's smoking gun
I don't know what I was hoping for
I hit the road at a run
I was your lover
I was your man
There never was no other
I was your friend
Till we came along this road
Till we came along this road
Till we came along this road

I ain't sent you no letters, Ma
But I'm looking quite a trip
The world spinning beneath me, Ma
Guns blazing at my hip
You were my lover
You were my friend
There never was no other
On whom I could depend
Then we came along this road
We came along this road
We came along this road

Nick Cave - We came along this road

Horizont'all 


segunda-feira, maio 03, 2004

Arbítrio 

Uma escolha. Algo de permeio, que permite decidir onde ficar, ou não. Onde, assomados, seremos mais completos, mais unos. É evidente que a desilusão é possível, mas assim ditam as leis do Universo, que a opção seja tão libertadora quão carcereira, dando-nos a possibilidade solitária do livre arbítrio. Mais prejudicial será a inépcia e a consciência que acarreta, de não mais voltarmos aquele ponto, aquele momento onde tivemos o mundo.
Pode, portanto, a solidão ser uma escolha feliz em si mesma?

domingo, maio 02, 2004

O Recreio 

Quando a Nelinha roubava os caramelos aos meninos no pátio lá da Escola Primária, perante a complacência da D. Ricardina, lontra alarve coroada com uma rodilha de cabelo grisalho e oleoso, que, sinceramente, ao Zeca sempre pareceu uma enorme poia, não de Grand Danois, que isso era coisa que ele nem conhecia, mas, seguramente, de rafeiro alentejano, igual aquele que o sô' João tinha lá na oficina, quando a Nelinha roubava os caramelos, dizíamos, o Toninho indignava-se. Indignava-se, não pelo roubo em si, nem pelo facto de os restantes meninos ficarem sem os caramelos que eram seus de direito. Não! Aquilo que chateava o Toninho à brava, a ponto de o fazer chegar a casa e virar o crucifixo que tinha por cima da cama, remexer as estampas com imagens de santinhos da sua avó deixando-as em total balbúrdia ou, em casos mais raros, resmungar palavrões no meio do terço, era de vez em quando ouvir a Nelinha, em pleno acto criminoso a dizer aos meninos mais pequenos:
"Deus te defenda que o Toninho algum dia chegue a mandar no recreio, Deus te defenda!"

Não havia nada que o chateasse mais que aquela invocação do nome dele em vão (do Toninho, bem entendido, que de Deus já estava ele bem farto!)...

Cheap and Chic 

"Guronsan - Medicamento muito popular para recuperar das ressacas. É "chic" consumir Guronsan e abona a favor da economia portuguesa, porque se trata de um produto nacional."

Público, 22 de Abril

Hoje está-me a apetecer fomentar a economia nacional...

sábado, maio 01, 2004

Isto hoje, realmente, parece dia de regresso a 1994... 

Venho agora de ver pela nonagésima vez "O" clássico!

Girl, you'll be a woman... soon

I love you so much, can't count all the ways
I've died for you girl and all they can say is
"He's not your kind"
They never get tired of putting me down
And I'll never know when I come around
What I'm gonna find
Don't let them make up your mind.
Don't you know...

Girl, you'll be a woman soon,
Please, come take my hand
Girl, you'll be a woman soon,
Soon, you'll need a man

I've been misunderstood for all of my life
But what they're saying girl it cuts like a knife
"The boy's no good"
Well I've finally found what I'm a looking for
But if they get their chance they'll end it for sure
Surely would
Baby I've done all I could
Now it's up to you...

Girl, you'll be a woman soon,
Please, come take my hand
Girl, you'll be a woman soon,
Soon, you'll need a man

Girl, you'll be a woman soon,
Please, come take my hand
Girl, you'll be a woman soon,
Soon but soon, you'll need a man

Um 1º de Maio diferente... 

Hoje não me apetece muito falar das lutas dos trabalhadores... Prefiro relembrar como, há 10 anos, assisti em directo à morte de um dos meus primeiros ídolos. Alguém que tinha uma visão muito própria do trabalho.

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