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quarta-feira, maio 19, 2004

Eu não resisto... 

Já uma vez, há algum tempo atrás, falámos aqui da impossibilidade da literatura de aviário ter coisas a dizer sobre a vida real. Mas eu não resisto, de vez em quando, atiro-me de cabeça e chafurdo nos lameiros pútridos de persporrências túrgidas que são os escritos de algumas pessoas(?) da nossa praça (provavelmente, da praça do peixe...).

E é nesse espírito de sacrifício, qual mártir blogosférico, que encontrei, uma vez mais, uma pérola desse vulto da literatura portuguesa, essa alma pensadora, responsável por momentos de verdadeira ruptura na cultura nacional. Quem conseguiu ficar indiferente a escritos pungentes como "Alma de Pássara" ou "Sei lá porque é que acreditei quando aquele senhor da editora me disse, em cuecas naquele quarto de pensão barata no Rossio, que eu sabia escrever livros"?

Transcrevo aqui o artigo na íntegra, pois é-me impossível seleccionar apenas os melhores trechos... Todo ele é uma merda! Apenas me atrevo a destacar a negrito as melhores passagens deste tesouro da crónica em Portugal.

"A chegada ao mercado da revista Sábado na passada sexta-feira veio sacudir o panorama dos "newsmagazines", com a Visão habituada a um sucesso consistente e a Focus com uma linha editorial já totalmente fora do tom inicial a que se propusera quando apareceu no mercado.

Mas nada é permanente senão a mudança, já dizia o poeta e com razão, por isso não é de estranhar que o grupo Cofina decida apostar na publicação de um newsmagazine que nos traga algo de novo e diferente, para variar.

A Sábado nasce com a intenção de ajudar o país a ver a vida com um prisma positivo [assim, uma espécie de revista Lux, mas a tentar ser séria, sem ser lamechas] sem nunca abdicar do exercício da crítica, diz o estatuto editorial. E, mais à frente, acrescenta, a Sábado assume que o dever de informar deve ter como fronteira o direito de todo e qualquer cidadão ao seu bom nome e imagem.

Ora, só isto, dá para imaginar de facto uma publicação diferente: uma publicação que escolhe o lado positivo das notícias, ou seja, o lado direito da vida [no contexto actual, sendo esta uma revista de...cof-cof... "grande informação", presumo que se trate de ver o lado de Direita da vida, em vez de ver o lado direito...] , e que deseja respeitar o bom nome e a imagem do cidadão, já merece a atenção dos leitores, uma vez que o jornalismo em Portugal está neste momento a sofrer a maior crise de qualidade de sempre, com linhas editoriais duvidosas, imediatistas e muitas vezes totalmente isentas de escrúpulos. Estratégias planeadas para aumentar as tiragens que exploram a desgraça alheia nas parangonas e inconsciência ambiciosa de estagiários ignorantes e inconsequentes, orientados por editores sanguinários, que, infelizmente se multiplicaram pelas redacções, qual praga de gafanhotos.

A violência do que aqui escrevo é fruto de uma análise longa e apurada que tenho vindo a fazer ao longo deste últimos dois anos à imprensa portuguesa em geral [no âmbito da sua tese de doutoramento "Critérios psicossomáticos na escolha de linhas editoriais - a imprensa portuguesa e o pessimismo nacional"], e, já agora, aproveito para ressalvar, neste panorama desolador, que algumas publicações ditas "cor-de-rosa" têm conseguido manter o seu estilo e tratar com mais respeito as figuras públicas do que muita imprensa dita séria, dita cinzenta, dita idónea, mas que há muito não relê, ou lê o Código Deontológico, o Código de Honra, o Estatuto do Jornalista e a Lei de Imprensa." [aqui, já nem eu me consigo controlar e tenho de me rebolar no chão, de tanto rir... Guiducha, querida, eu só queria lembrar-te de uma coisa: as "figuras públicas" de que essas revistas falam não passam de um monte de bandalhos sem terem onde cair mortos ou, em alternativa, nada que fazer na merda de vida fútil que levam! Não são figuras que mereçam sequer o interesse dessa tal imprensa séria, cinzenta, idónea, como lhe chamas... Infelizmente, os assuntos sérios, quando tratados de uma forma séria, não são emoldurados com cores berrantes, numa tentativa desesperada de parecer fashion, ou divertido, ou ligeiro, ou, de algum modo, "social"...]

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