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quinta-feira, maio 06, 2004

Divulgação Institucional 

Já há algumas semanas que ando para colocar aqui informação relativa a um seminário, a realizar-se este fim-de-semana e de cuja organização faço parte: "A Agricultura na Cidade - 7 mil anos de história e desafio para o Médio Tejo no século XXI", organizado pelo Parque Arqueológico e Ambiental do Médio Tejo.

Incluo aqui a minha contribuição escrita à discussão preparatória do seminário:

"À primeira vista, o título que serve de base a este seminário pode parecer desajustado; afinal, não seria mais óbvio discutir “A agricultura e a cidade”, no lugar de “A agricultura na cidade”? Parece-nos hoje evidente que a cidade não é um espaço agrícola, mas sim um espaço urbano por excelência, povoado de infra-estruturas várias, que devem conferir aos seus habitantes um estilo de vida próprio, recheado de possibilidades, a nível económico, social ou cultural. É uma concepção comum, a que não será alheia a tendência para a colagem ao conceito de cidade como um espaço eminentemente metropolitano e, no caso português, litoralizado.



Quando falamos de cidades e do seu relacionamento com a ruralidade parece natural o impulso de visualizar uma relação depredatória, em que a cidade parece querer literalmente devorar os melhores recursos que o meio rural possui, quer através dos géneros aí produzidos, quer através dos inputs disponíveis para as suas indústrias; em que as populações que se deslocaram para a cidade estão condenadas à exclusão ou a uma adaptação forçada, nem sempre evidente. Ou seja: ou falamos de populações que se tornaram problemáticas para a orgânica citadina, que as enclausurou em “guetos” físicos, económicos e culturais, como no caso das ilhas do Porto nos finais do séc. XIX, ou, por outro lado, das clivagens inerentes à geração seguinte. Aquela que nasce em ambiente puramente urbano, mas cuja realidade familiar está profundamente implantada nas origens rurais, com valores que se vêm a revelar desajustados.



E aí reside o ponto fulcral para a compreensão da validade deste debate nos moldes aqui propostos. Não é essa a realidade urbana desta nossa região. Não é de grandes metrópoles que se faz a história e a organização territorial deste Médio Tejo. E não se pode nem deve exigir às nossas cidades o mesmo carácter das cidades fortemente industrializadas do litoral. Por outro lado, se é ainda assim responsabilidade da cidade desempenhar o papel de motor da região, esta não pode jamais esquecer a sua origem e a sua relação visceral com o campo, com a ruralidade que a envolve. Se é natural que, por exemplo, a cidade ocupe ao nível cultural um lugar destacado, esta não se pode dissociar da sua origem mais campesina, sob pena de se dissociar de tudo aquilo que fez e faz, precisamente, a sua matriz cultural.



É por isso que, ao discutir a nossa região, começamos pela realidade que faz a base de sustentação histórica e cultural, afinal, de todos nós."

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