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terça-feira, maio 11, 2004

"Acreditas em almas gémeas?" 

Perguntava-me há dias um amigo. Fiquei sem saber o que fazer, se lhe dizer que sim ou se lhe partir a cara, pela impertinência da questão. No entanto, partir a cara a um amigo é um pouco um contrasenso. E como eu nem sou adepto da violência, fiquei-me pelo sim. "Sim?! Só isso?! Nem uma justificaçãozeca?!", parecia dizer-me o seu olhar inquiridor, levemente surpreso por, por uma vez que fosse, eu dar-lhe uma resposta simples, sem floreados, justificações, complementos ou, porque não, citações bibliográficas. E, no entanto, estava certo; momentos mais tarde, um titubeante "eh pá..." saía-me da boca e o seu olhar abria-se num sorriso triunfante.
Acendi um cigarro e afundei-me mais ainda no sofá, enquanto traçava as pernas e pensava na questão.
"Como é que tu queres que eu não acredite, se já encontrei uma vez a minha?" E agora era meu o olhar sorridente. "A Mademoiselle République não era nem mais nem menos que isso, pá! Portanto, eu já a tive, à minha alma gémea. Já não a tenho. E sei que não voltarei a tê-la. Vou vivendo com isso, umas vezes melhor, outras, nem por isso. Mas não me flagelo por isso; pode ser que a Natureza tenha, na sua lógica bizarra, encriptada para nós, a possibilidade do erro; e que essa possibilidade, por mais ínfima que seja, permita a coexistência sobre o mundo de duas almas gémeas da mesma pessoa."

Enquanto o cigarro morria entre os meus dedos, ouvi a sua voz, dizendo "Isso era sorte a mais..."

"Sorte a mais já eu tive dessa vez, logo, nada impede que volte a acontecer..."


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